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Caso Pazuello eleva tensão entre presidente e comando do Exército

05/06/2021


Especialista não vê ineditismo no caso



Tensão, dúvidas e medo são as palavras escolhidas para caracterizar as relações entre militares e o poder político no Brasil recentemente por um dos maiores especialistas no assunto.


Para o historiador e cientista político José Murilo de Carvalho, a decisão do Exército, anunciada na quinta-feira (03/05), de não punir o general da ativa Eduardo Pazuello por participação em ato político ao lado do presidente da República vai fazer crescer uma crise já instalada: o cisma entre o comando das tropas e aqueles que Carvalho classifica como "generais do presidente", em referência aos que ocupam cargos no governo de Jair Bolsonaro (sem partido).


O Regimento Disciplinar do Exército proíbe que militares da ativa participem publicamente de atos de cunho político-partidário.


"Sabe-se que os componentes do alto comando do Exército eram favoráveis a algum tipo de punição. O comandante os teria convencido a não punir. Imagino que com isso tenha perdido autoridade", diz, mencionando o atual comandante do Exército, general Paulo Sérgio.


Autor de obras diversas sobre o tema - entre elas, o clássico Forças Armadas e Política no Brasil -, Carvalho entende que a falta de punição a Pazuello é grave, apesar de não ser inédita.


Como precedente, ele recorda o caso do general Jurandir Mamede. Em 1955, ainda coronel, Mamede se pronunciou politicamente a favor de um golpe militar em discurso durante o funeral de um oficial superior. Ele reagia à eleição de Juscelino Kubitschek para a Presidência e João Goulart como seu vice, semanas antes.


Apesar do desejo de puni-lo ter sido manifestado por comandantes, a decisão acabou não sendo tomada e Mamede se livrou.

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