14/09/2022
O projeto inicial de conferência paralela feito pelas Forças Armadas envolve a coleta de 385 boletins de urna

As Forças Armadas se preparam para realizar pela primeira vez na sua história uma checagem paralela da totalização dos votos da eleição.
A verificação sobre a contagem dos votos é um dos processos da fiscalização das eleições. Qualquer pessoa pode coletar os boletins de urna e checar com os dados disponibilizados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na internet.
A novidade neste ano é o plano das Forças Armadas de realizarem a checagem, pela primeira vez. A justificativa, segundo militares ouvidos pela reportagem, é a inclusão da instituição na lista de entidades fiscalizadoras do pleito.
A criação do plano de conferência da totalização segue o que o TSE define em resoluções, segundo relatos de generais e coronéis com conhecimento do assunto.
A checagem de boletins de urna não é o principal pleito do Ministério da Defesa nas negociações com o TSE sobre as regras eleitorais. A principal demanda dos militares é pelo projeto-piloto do novo teste de integridade.
Na noite desta terça (13), o TSE atendeu o pleito do Ministério da Defesa. A corte aprovou uma resolução que determina que de 32 a 64 das 640 urnas que devem ser auditadas devem usar a biometria de eleitores reais.
O projeto inicial de conferência paralela feito pelas Forças Armadas envolve a coleta de 385 boletins de urna, com militares tirando fotos dos papéis fixados nas seções eleitorais. A partir daí, deve ocorrer a checagem para conferir se os números registrados nos documentos são os mesmos que chegam para a contagem do TSE.
O acordo que havia sido inicialmente fechado entre o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, e os militares envolvia disponibilizar os dados divulgados pelo tribunal na internet de forma bruta para as entidades fiscalizadoras. A informação foi confirmada à Folha de S.Paulo por dois militares e um integrante do tribunal com conhecimento do assunto.
A revelação de detalhes da checagem paralela desagradou parte da cúpula do TSE, e o tribunal divulgou uma nota para negar que tenha feito um acordo para dar “acesso diferenciado” de dados das eleições às Forças Armadas.
Em reação, Moraes cancelou uma reunião com o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, que era negociada para acontecer nesta terça-feira (13). O assunto que seria tratado era o projeto piloto do novo teste de integridade –a principal demanda dos militares para o processo eleitoral.
O Ministério da Defesa também divulgou nota. A pasta disse que as Forças Armadas “não solicitaram qualquer permissão de acesso diferenciado em tempo real aos dados enviados para a totalização do pleito eleitoral pelos Tribunais Regionais Eleitorais”.