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Covid longa provoca perda de memória e dificuldade para andar

10/10/2022


Ambulatório pós-covid de hospital SUS decifra sequelas que persistem depois de meses



Passados mais de dois anos do início da pandemia, os sistemas de saúde do mundo todo enfrentam um novo desafio. Como lidar com a queda da qualidade de vida e de produtividade dos sobreviventes das infecções graves da covid-19? São, em média, oito sintomas que prevalecem mesmo recebendo alta. A gravidade dessas sequelas está diretamente relacionada à idade dos pacientes e o quanto foi grave a fase aguda da doença. Essas são algumas das observações trazidas por um estudo recente sobre covid longa realizado no ambulatório montado pelo Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR), em parceria com a PUCPR.


Mais uma vez, os idosos se mostram o elo mais vulnerável nesse cenário. Com até 340 vezes mais chances de morrer devido à covid-19, o impacto de um novo vírus em populações mais velhas pode ir além de um risco mais alto de agravamento de sintomas, hospitalização ou mortalidade. Na pandemia, o sofrimento dos idosos começou com a descoberta da doença, piorou com a intensificação das medidas de distanciamento social e permaneceu mesmo quando o vírus começou a recuar.


De acordo com o estudo, quanto maior a idade, menor a saturação de oxigênio mesmo em repouso. Logo que se recuperaram de um quadro grave da covid-19, 86% dos pacientes idosos revelam ter falta de ar e mais de 50% têm dores e cansaço nos membros inferiores. Os sintomas semelhantes aos vivenciados com o avançar da idade – mas acelerados pela doença – podem levar a uma baixa procura por apoio e acompanhamento médico. Da pesquisa do hospital que recebe pacientes encaminhados por outros hospitais e instituições públicas, participaram 112 pessoas com algum tipo de problema decorrente da doença, mesmo após a recuperação. Nesse grupo, 68,8% têm menos de 60 anos e 31,3% têm 60 anos ou mais. Os resultados do estudo são baseados na primeira consulta dos pacientes, realizada, em média, um mês depois da alta hospitalar.


Além das sequelas respiratórias


Quando os sintomas persistem três meses depois da infecção inicial, a pessoa está com covid longa ou síndrome pós-covid. Podem ser problemas diretamente relacionados aos sistemas respiratório e cardiovascular ou ainda queixas mais abrangentes, como dores no corpo, perda de cabelo, problemas auditivos, insônia, alteração dermatológica e perda de memória. Todos estão interligados ao coronavírus e podem começar a surgir meses depois da cura da doença. Mais de dois anos do início da pandemia, a medicina ainda estuda os efeitos de curto e longo prazo da covid-19 no organismo.


“Foi no segundo semestre de 2020, a partir do acompanhamento de pacientes internados e graves por covid-19, que entendemos: aqueles que sobreviveriam iam precisar de um cuidado integral depois da alta”. O relato da coordenadora da pesquisa, Cristina Baena, explica a motivação para dar início ao ambulatório. “Logo vimos que, mesmo curadas da doença, essas pessoas apresentavam sintomas que iam muito além de sequelas respiratórias. O prejuízo neurológico, por exemplo, é recorrente, e se traduz em casos de depressão e perda de memória”, explica.


Enquanto a maioria dos indivíduos se recupera por completo, infelizmente, um grupo vai apresentar incômodos ou problemas persistentes, capazes de afetar a produtividade e a qualidade de vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), de 10% a 20% das pessoas que tiveram covid-19 terão sintomas que não vão desaparecer por semanas ou até meses. Para compreender como a doença afeta pacientes, o ambulatório pós-covid de Curitiba conta com uma equipe multiprofissional de pneumologista, fisioterapeuta respiratório e funcional, psicólogo, neuropsicólogo e cardiologista.

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